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domingo, 7 de junho de 2009

O numero limiar (Emile Borel)

Um grao näo constitui um monte, täo pouco dois gräos, nem três e assim por diante. Por outro lado, todos concordaräo que cem milhoes de graos de trigo formam um monte . Qual é entäo o numero limiar? Podemos dizer que 325.647 graus de trigo näo constitutuem um monte, mas que 325.648 sim? Se é impossivel estabelecer um numero limiar, também será impossivel saber o que é significado por um monte de trigo; as palavras podem näo ter sentido, no entanto, em certos casos extremos todos concordam sobre elas.
Emile Borel: Probabilite et certidude
NOTAS:
Limiar:Limes (limes, limitis) foi a separacäo sólida entre o Império Romano e a Barbaridade (entre o Reno e o Danubio) - foi a fronteira intrespassavel no unico espaco romano näo rodeado por água. Está, evidentemente, na origem etimologica do "limite"  das linguas romanicas.
Discute-se todavia se o limes em si era parte ou já o Além-de do Império Romano - Tarkowsky, em Stalker, insinua, que näo existe o Além-de, ao qual ele chama "A Zona" - seria o espaco no qual todos os desejos se converteriam em realidade, a felicidade absoluta, e que täo pouco existe o Limite (näo passa de uma ficcäo necessária, para proporcionar a felicidade).

LINKS:

domingo, 29 de junho de 2008

THOMAS JEFFERSON - A estrutura do Universo


To talk of immaterial existences is to talk of nothings. To say that the human soul, angels, God, are immaterial, is to say, they are nothings, or that there is no God, no angels, no soul. I cannot reason otherwise (...) without plunging into the fathomless abyss of dreams and phantasms. I am satisfied, and sufficiently occupied with the things which are, without tormenting or troubling myself about those which may indeed be, but of which I have no evidence.

Thomas Jefferson

Falar de existencias imateriais é falar de nadas. Dizer que a alma humana, os anjos, Deus, säo imateriais, é dizer que eles säo nadas, ou que näo há Deus, näo há anjos, näo há alma. Näo posso raciocinar diferentemente (...) sem mergulhar no abismo sem fundo dos sonhos e dos fantasmas. Estou satisfeito, e suficientemente ocupado com as coisas que säo, sem me atormentar ou me preocupar sobre as coisas que talvez possam realmente ser, mas das quais näo tenho evidencia.

MATERIALS:
http://brothersjudd.com/index.cfm/fuseaction/reviews.detail/book_id/1344/Last%20Word.htm

sexta-feira, 30 de maio de 2008

cores

o branco e o negro
o negro e o vermelho
cores
stendhal
gramatologia, construcäo, des-construcäo (criar um mundo é excluir os outros possiveis)
Pensamos e inventamos o mundo em dicotomias, em opostos, e entre esses colocamos as nossas tonalidades de cinzento (ou de outras cores segundo o estado de espirito do respectivo momento).
Será imaginavel de uma outra forma?
uma outra perspectiva?
Existirá o Mundo se abolirmos as dicotomias?
E onde posicionar entäo as tonalidades dos cinzentos, depois de abolidos os extremos??
there are more lives than walking desperate the streets hurry (há mais vidas que que caminhar desesperadamente pelas ruas apressa-te) diz Dos Passos, so guys and dolls, saiam esses cavaletes, encharquem-se essas aquarelas, esborrachem-se esses guaches e pintem o Universo.
Nota Bene: hoje mudei a aparencia deste blog
P.S.
As primeiras quatro linhas deste trecho e alinhagem de todo o texto säo uma candida concessäo a todos os meus amigos que imploram que escreva poesia. Se entendi certo, näo tanto pela confianca que depositam na minha rima e métrica, mas pela ineficiencia e des-clareza da prosa que apresento.

terça-feira, 29 de abril de 2008

sobre o cuidado nas bocas sobre a mulher do amante da vizinha...

Veio-me à cabeca, melhor dizendo à recordacäo, esta simples operacäo: cada ser humano que existe neste momento sobre o planeta conhece umas 300 pessoas extremamente bem, com nome, fisionomia e dados menos visiveis. Cada um destes conhece por seu lado 300 que conhecem 300, que conhecem 300.
Estas quatro estacöes (relais) interlacam intimamente toda a humanidade (300 x 300 x 300 x300 = 6.146.560.000) em vida.
Explicaria isto, porque o outro dia, quando houve um acidente aqui na minha rua, provocado pelo marido da minha vizinha a observar no cimo da calcada o amante da sua mulher que esperava que a filha mais nova abandonasse a casa para o colégio privado que frenquenta... explicaria porquê os quatro juntos conheciam toda a humanidade? Explicaria isto, porquê o problema de chifres ("hastes",como diz a representante da minha analista) e coisas assim é um problema universal que envolve os tais 6.146.560.000 individuos?


P.S.
Aqui a historia completa como ela posteriormente foi deturpada num site que näo merece ser aqui mencionado. No fundo a deturpacäo näo foi num site mas em dois sites, essa coisa da deturpacäo é um erro de transmissäo e näo um erro de expediente ou recepcäo (por isso necessitamos a redundancia, nas transmissöes telefonicas, na linguagem, no ultimo bit näo utilizado de um byte). Que significará "déchiffrer" no frances? Terá que ver com as hastes ou com os chiffres?

Bem, no outro sitio, naquele do outro gerente, melhor, do gerente dos outros, näo é conveniente falar de politica, porque excita os animos em demasia. Aqui näo posso falar em filosofia, porque o nosso gerente aqui é preguicoso como uma lata e já vendeu todos os dicionários que havia lá por casa...
Poderiamos falar de crochet (fazer malha), mas o gerente dos meus pensava que também as malhas nascem em lata e näo säo feitas. De futebol? Assustam-se as mulheres. Do bom tempo? Por exemplo que está um sol fantástico lá fora, a minha vizinha que está a bronzear-se no jardim em pelo, e que aproveitando um buraquinho da vedacäo, tem aquele amante bem musculado que sempre aparece às segundas, a ver se o filho menor dela já saiu para a escola particular?
Ou, poderei acrescentar que o marido da minha vizinha (aquela loura escandalosa com quem tinha rendez-vous marcado ontem e näo apareci) já anda desconfiado da coisa (razäo mais porque falhei no rendez-vous) e está no outro lado da rua, num carro da Avis, com um monoculo a grande distancia (metade de um binoculo) a observar o intruso conjugal? Ou, devo acrescentar ainda o desenrolar da coisa? Que o condutor de um carro passou naquela zona semi-peatonal com limitacäo de velocidade a trinta por hora e reconheceu o marido da minha super-vizinha? Que viu o carro da Avis, o mesmo que eu havia utilizado a semana passada, quando fui levar o meu puto ao aeroporto, que se distraiu o condutor (este filho de uma figa que tinha tido um caso com a minha mulher quando eu ainda pensava que ela era minha), vendo o vizinho dentro da viatura, o mesmo vizinho que lhe havia entregue - trabalha nos servicos camarários o tal condutor - a sua carta de conducäo há tres semanas (meteu-se nos copos para abafar a dor, sei lá eu, em que sim é verdade que os cornos säo como os dentes, só nascem quando doem, mas quando passou a dor já o meu vizinho näo tinha carta)? Que foi tal a sua estupefaccäo (surpresa) que chocou num poste de sinalizacäo de estacionamento interdito que caiu em cima da cabeca do amante da minha doce vizinha do lado exterior da vedacäo, abrindo-lhe a cabeca de meio em meio, matando o fulano naquele mesmo momento? Que eu chamei o Pronto-Socorro que no fim da rua chocou com o carro da Avis em fuga subita com o meu vizinho sem carta? Que a minha vizinha surgiu em negligé na rua e ao ver o amante morto, o ex-meu-amante (quero dizer, aquele da minha ex-mulher) com um telemovel na mäo, a falar com sei lá eu o que, desmaiou de imediato, batendo com a cabeca na esquina do passeio, ainda hoje em estado de coma na Clinica de Montanhismo aqui da regiäo? Que a brigada de transito chegou uns minutos depois com a minha näo-noiva, a Carlinha do chicote vermelho, algemando aquela maralha toda e levando tudo para o comissariato (delegacia)? Que os garotos aqui da rua, os filhos da super-loura, do funcionario publico ex-amante da minha tal, vivem todos agora no rés do chäo da minha casa? Que é uma trabalheira enorme, que já nem tempo me sobra para ver a série televisada dos domingos, que teve que vir o irmäo da minha mulher, para me dar uma ajuda nos afazeres da casa?
Ena, já tá na hora do almoco! Resumindo, näo sei se será boa ideia falar de tempo.
Gerente, vou ter que sair para almocar com um outro amigo, poderia deixar-te aqui as chaves do taxi para entragares ao meu alter ego (latim para designar aquele fulano sem graca que mora na porta ao lado, aquela com um capacete wiking no exterior).