Fisicamente a náusea realiza-se, quando as paredes do estomago säo irritadas. Acontece que há também emocöes, uma tentativa, de expelir também algo do ambito das posses da alma(...). É um trejeito do afastamento. As caretas significam a condenacäo das imediacöes, um resolver a situacäo no sentido de uma rejeicäo.
quarta-feira, 11 de março de 2009
a náusea e um suave sorriso...
domingo, 31 de agosto de 2008
do quente e do frio e do quente...
Cold War, guerra fria.
"O unico meio de libertar completamente o ser humano", afirmava em 1960 Nikita Chruschtow, o sucessor de Estaline no Kremlin, era o caminho do comunismo. John F. Kennedy, na altura presidente dos Estados Unidos, pelo contrário afirmava: "O futuro pertence àqueles que se dedicam à liberdade do individuo".
Um calafrio percorre-me a coluna dorsal ao recordar que houve tempos em que a primeira afirmacäo era mais calentadora ao meu coracäo que a segunda suposicäo.
Näo, que entretanto a "liberdade do individuo" tenha sobreposto em importancia a "libertacäo irresidual do ser humano" (o que de alguma maneira exigiria uma condensacäo pessoal de Freud, Marx e Nietzsche). Acontece simplesmente que na proximidade dos apologistas da "liberdade individual" se vive melhor, mais levemente, mais agradavelmente, que na companhia dos porta-bandeira da "libertacäo irresidual do ser humano". É uma rectrovolucäo de Goya, o iluminista, ao inventar o titulo para o capricho "El Sueno de la Razon produce Muenstros" (o sono - el sueno - da razäo), talvez pressentindo que também o sonho (el sueno) da Razäo virá gendrar monstros na vida.
É, creio, a primeira vez que traduzo (traduzir: näo criar, mas transpor de uma lingua a outra, e o pensamento transposto é um pensamento defunto) um pensamento meu, expresso num outro lugar. É, temo, a influencia da idade. O pensador que se traduz a si mesmo, deixou de pensar.
NOTES:
Gil Evans: Out of the cool
Gil Evans: Into the hot
Der Spiegel 25/2008
Goya: El sueno de la razon produce muenstros
quinta-feira, 10 de julho de 2008
NANCY SINATRA: bang, bang...
my baby shot me down
I was five and he was six
We rode on horses made of sticks
He wore black and I wore white
He would always win the fight
B*ng b*ng, he shot me down
B*ng b*ng, I hit the ground
B*ng b*ng, that That awful sound
B*ng b*ng, my baby shot me down
Seasons came and changed the time
When I grew up, I called him mine
He would always laugh and say
Remember when we used to play?
B*ng b*ng, I shot you down
B*ng b*ng, you hit the ground
B*ng b*ng, that awful sound
B*ng b*ng, I used to shoot you down
Music played and people sang…
Just for me the church bells rang…
Now he's gone I don't know why
And till this day some times I cry
He didn't even say goodbye
He didn't take the time to lie
B*ng b*ng, he shot me down
B*ng b*ng, I hit the ground
B*ng b*ng, that awful sound
B*ng b*ng, my baby shot me down.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
NICHOLSON BAKER: Este sentimento de um tormento interior
Se aprendermos a recordar-nos com mais precisäo, corremos entäo menos perigo de repetir o passado.
Nicholson Baker: Este sentimento de um tormento interior, Der Spiegel 19/2008, a propósito da publicacäo de "Human Smoke", uma crónica sobre a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Perspectivismo
Hoje é um dia muito especial para mim, comeca um julgamento na 2. camara penal do tribunal aqui do sítio, uma coisa triste, que näo vou mencionar porque näo tem cabimento. De todas as formas, isto como justificativo para o meu desabafar de hoje: desabafar é falar para o "vazio", falar por falar, falar porque falar libera (o choro também libera, mas como eu sou daqueles que näo choram, "falo"). Talvez "desabafar" seja mesmo "falar com Deus" (esse tal que näo existe mais, para uma boa parte nós, e aqui pergundo-me se foi realmente assassinado Deus, ou se simplesmente morreu).
Dizia eu que "perspectiva" é uma janela para o mundo. Como numa casa em Alfama virada para o Tejo. Uma janela dá-nos uma perspectiva, uma outra e teremos duas, mais janelas no lado oposto da casa e teremos uma nova perspectica, sem a água do estuário, mas com o Castelo de S. Jorge e as ruas ingremes que a ele conduzem.
Aonde eu quero chegar? Que a "realidade", a "verdade", aquilo que "realmente" acontece é algo de exterior a nós, aquilo a qual jamais teremos pleno acesso, mas sobre o qual perpetuamente teremos "perspectivas", visöes parciais, às vezes contraditórias.
Como estou em desabafo, mais uma intimidade minha: durmo com livros, a minha companhia de noite säo livros, tenho sempre uma meia-duzia deles em redor da minha cama e cada anoitecer durmo com um, às vezes com mais (podem chamar-lhe "sublimacäo", mas é a minha maneira de ser feliz na vida, uma das muitas maneiras que eu tenho de inventar a minha felicidade - sim senhora, escutou bem, a felicidade é inventada, os infelizes ainda näo descobriram como, mas se realmente entrarem nos seus laboratórios interiores ela aí estará à sua espera, e prometo-vos, vale a pena procurá-la. E, gosto de deixar sempre umas pistas para uma das minhas felicidades, as minhas ideias. Gosto por tanto de enunciar os heraldos (existe isto em portugues?) das minhas perspectivas. Um dos meus amores nocturnos de momento é um re-romance meu com Nietzsche, tem o nome de Sobre a genealogia da Moral, e li pela primeira vez há uns 20 anos. É para mim uma nova descoberta, näo me recordo de uma unica palavra - os trechos complexos (näo complicados, mas complexos) teem isso de se esquecerem rápidamente. E ontem, cheguei a um parágrago que serviria quase como lema para este site, que é o porque deste site, o porque do meu "vicio" em vir aqui, perder horas imensas, com coisas com as quais por norma passo ao lado. E esse parágrafo vem de Nietzsche e vai assim:
"Só existe um ver perpectivista, só um ´reconhecer´ perspectivista; e quanto mais afectos deixemos pronunciarem-se sobre uma coisa, quantos mais olhos, olhos diferentes nós nos sabemos inserir para a mesma coisa, tanto mais completo será o nosso ´conceito´ dessa coisa, será a nossa ´objectividade´."
Sou propenso, defensor de que é um sinal de riqueza e uma causa de regozijo essa impossibilidade de acedermos à ´verdade´. Para que viver, se a tivessemos à nossa disposicäo?? Que fazer depois? Há uma teoria que defende que Deus näo morreu de morte natural, que se suicidou, de tédio. E, termino, recordando uma de Proust näo sei onde, que dizia que "as melhores viagens näo säo aquelas que nos levam a outras paisagens, mas aquelas que nos permitem outras perspectivas sobre uma mesma". Traduzi isto para o meu portugues e diz-me o seguinte: näo säo as paisagens o interessesante, mas o paisagista, aquele que cria essas paisagens e que vive essa viagens e que somos Nós!
Há umas perspectivas menos bonitas e tristes e que prefiro näo ver, fecho os olhos e näo respondo, é mais saudavel para mim e para a paisagem e - como sou optimista por decisäo - acredito que as paisagens podem vem de encontro ao pintor, quando este näo tem acesso a elas (so, common baby!).E, para terminar, gracas a Deus que o meu amigo citadino näo está por aqui, para me enfiar uma outra seca das minhas "baboseiras", näo que ele seja menos sensivel ou mais brutinho que eu. Acontece simplesmente que é alfacinha e, como todos os alfacinhas, mantém-se a prumo, näo desabafo. Eu, como sou da provincia, näo tenho problemas em nadar no rio, nú.
terça-feira, 3 de junho de 2008
GEORGE SPENCER-BROWN: muralhas
Há um jogo, que jogam as criancas, quando vem a maré. Constroem em sua volta uma muralha presumidamente impenetravel de areia, para suster a àgua do lado de fora o mais tempo possivel. Naturalmente que a agua penetra lentamente por baixo e a um dado momento rompe a parede e inunda-a. Os adultos jogam um jogo parecido. Envolvem-se com uma muralha presumidamente impenetravel de argumentos, para deixar a realidade do lado de fora. Mas, a realidade penetra lentamente por baixo, e a um dado momento rompe a muralha e inunda-nos a todos.
George Spencer-Brown: Only two can play this game
Materials & Left Links:
http://www.fen.ch/texte/gast_swr_spencer.htm
http://www.faz.net/s/Rub1DA1FB848C1E44858CB87A0FE6AD1B68/Doc~EA3296B889ADF46FE99B704480912238E~ATpl~Ecommon~Scontent.html
quinta-feira, 24 de abril de 2008
syn-ästhetics
Mais recentemente Oliver Sacks (O Homem que confundia a sua mulher com um chapéu), narrou diversos casos de clientes/pacientes seus, que manifestaram simptomas de savants ou syn-estéticos, memorizando sequencias infinitas, listas enormes, detalhes de paisagens que haviam visto em segundos, livros que haviam lido em minutos.
Syn-estético é alguém em que os dados dos sentidos säo perceptos por um sentido menos usual, como os sons que provocam imagens.
Muitos desses savants converteram-se em tais depois de um acidente, uma lesäo cerebral que havia danificado os filtros que William Blake menciona no célebre "If the doors of perception were cleansed every thing would appear to man as it is, infinite" (Se os portais da percepcäo fossem limpos, cada coisa apareceria ao ser humano como ela é, infinita).
Digamos, para os efeitos aqui intencionados, que esses "portais" säo a diferenca especifica humana, aquilo que distingue o ser humano de todos os outros seres. Seria coerente entäo afirmar que o extremamente humano seria a filtragem total?
Será a arvore mais humana por melhor filtrar a visualizacäo e a audicäo?
Left links:
syn-ästhetics
Oliver Sacks: The Man Who Mistook His Wife For a Hat, 1990
quarta-feira, 23 de abril de 2008
os portais da percepcäo ...
If the doors of perception were cleansed every thing would appear to man as it is, infinite.
William Blake, The Marriage of Heaven and Hell, 1793
Se as portas da percepcäo fossem limpas, cada coisa apareceria ao ser humano como ela é, infinita.
William Blake, O Casamento do Céu e do Inferno, 1793
"Quando reflicto sobre a minha experiencia, sou obrigado a concordar com o filósofo C.D. Broad em Cambrigde, "que seria aconselhavel, de considerar muito mais sériamente que até agora a teoria que Bergson colocou em relacäo à memória e às percepecoes do sentidos, nomeadamente que as funcöes do cérebro e do sistema nervoso trabalham eliminando e näo produzindo. Cada ser humano está em cada momento capacitado, de se recordar de tudo aquilo que alguma vez lhe aconteceu, e de perceber o que sucede em qualquer parte do universo. É a funcäo do cérebro e do sistema nervoso proteger-nos de ser subjogado e desconcertado desta quantia de saber maioritariamente desnecessitado e insignigicante, e cumprem o seu dever excluindo a maior parte das informacöes, que em cada momento captamos ou das quais nor recordariamos, e só deixar sobrar a selecäo minuscula e minuciosa, que provavelmente será util." Segundo tal teoria dispoe cada um de nós da maior conciencia possivel (no original: "... is potentially Mind at Large")."
Aldous Huxley, Os Portais da Percepcäo (The Doors of Perception), 1954
Nota:
Em Os Portais da Percepcäo, Aldous Huxleiy descreve as suas primeira experiencias com halucinogeneos, nomeadamente Mescalina e LSD (experiencias partilhadas näo no mesmo espaco, mas no mesmo tempo que Jean-Paul Sartre).
Divertidamente, memorizo Aldous Huxley näo o mentor freak dos anos 60 e da Flower Power, mas o autor de literatura para criancas (foi o que fez os carrinhos da Gulbenkian, as bibliotecas ambulantes), que lia durante a escola primária com 8 ou 9 anos.
The Doors - When the music´s over, 1967
Yeah, c'mon
When the music's over
When the music's over, yeah
When the music's over
Turn out the lights
Turn out the lights
Turn out the lights, yeahFor the music is your special friend
Dance on fire as it intends
Music is your only friend
Until the end
Until the end
Until the endCancel my subscription to the Resurrection
Send my credentials to the House of Detention
I got some friends insideThe face in the mirror won't stop
The girl inthe window won't drop
A feast of friends
"Alive!" she cried
Waitin' for me
Outside!Before I sink into the big sleep
I want to hea, I want to hear
The scream of the butterflyCome back, baby
Back into my arm
We're gettin' tired of hangin' around
Waitin' around with our heads to the groundI hear a very gentle sound
Very near yet very far
Very soft, yeah, very clear
Come today, come todayWhat have they done to the earth?
What have they done to our fair sister?
Ravaged and plundered and ripped her and bit her
Stuck her with knives in the side of the dawn
And tied her with fences
And dragged her downI hear a very gentle sound
With your ear down to the ground
We want the world and we want it...
We want the world and we want it...
Now
Now?
Now!Persian night, babe
See the light, babe
Save us!
Jesus!
Save us!So when the music's over
When the music's over, yeah
When the music's over
Turn out the lights
Turn out the lights
Turn out the lightsWell the music is your special friend
Dance on fire as it intends
Music is your only friend
Until the end
Until the end
Until the end!
Sim senhor, venha dái
Quando a musica termina
Apaga as luzes
Apaga as luzes, sim senhor
Porque a musica é o nosso amigo especial
Danca no fogo quando ela quer
Musica é o teu unico amigo
Até ao fim
Cancela a minha subscricäo na Ressureicäo
Envia as minhas credenciais para a Casa de Detencäo
Tenho alguns amigos por lá
A face no espelho näo parará
A moca na janela näo cairá
Um festim de amigos
"Vivos!" ela gritou
Esperando por mim
Lá fora
Antes de eu me afundar no grande sono
Quero ouvir
O gritar da borboleta
Vem, Baby
Regressa ao meu braco
Tamos ficando cansados de näo fazer nada
Esperando inertes com as nossas cabecas no solo
Escuto um som muito gentil
Muito proximo e ainda muito longe
Muito doce, sim senhor, e e muito claro
Vem hoje, vem hoje
Que fizeram à terra
Que fizeram à nossa linda irma
Devastada e expoliada e dilacerada e cortada
Cravada com navalhas do lado da aurora
E presa com vedacäo e tirada abaixo
Escuto um som muito gentil
Com o teu ouvido colado ao chäo
Queremos o mundo e queremo-lo...
Agora
Agora?
Agora!
Noite persa, querida
Ve a luz, babe
Salva-nos
Jesus
Salva-nos
Assim, quando a musica termina
Quando a musica termina, sim senhor
Quando a musica termina
Desliga as luzes
Bem, a musica é o teu amigo especial
Danca no fogo quando tenciona
Musica é o teu unico amigo
Até ao fim
Até ao fim
Materiais:
- William Blake: The Marriage of Heaven and Hell, 1793
- Henri Bergson: Essai sur les donées immediates de la conscience, 1888
- Aldous Huxley: The doors of perception, 1954
- The Doors: When the music´s over, 1967
- Oliver Sacks: The Man Who Mistook His Wife For a Hat, 1990
Left labels:
Syn-ästhetics