Cold War, guerra fria.
"O unico meio de libertar completamente o ser humano", afirmava em 1960 Nikita Chruschtow, o sucessor de Estaline no Kremlin, era o caminho do comunismo. John F. Kennedy, na altura presidente dos Estados Unidos, pelo contrário afirmava: "O futuro pertence àqueles que se dedicam à liberdade do individuo".
Um calafrio percorre-me a coluna dorsal ao recordar que houve tempos em que a primeira afirmacäo era mais calentadora ao meu coracäo que a segunda suposicäo.
Näo, que entretanto a "liberdade do individuo" tenha sobreposto em importancia a "libertacäo irresidual do ser humano" (o que de alguma maneira exigiria uma condensacäo pessoal de Freud, Marx e Nietzsche). Acontece simplesmente que na proximidade dos apologistas da "liberdade individual" se vive melhor, mais levemente, mais agradavelmente, que na companhia dos porta-bandeira da "libertacäo irresidual do ser humano". É uma rectrovolucäo de Goya, o iluminista, ao inventar o titulo para o capricho "El Sueno de la Razon produce Muenstros" (o sono - el sueno - da razäo), talvez pressentindo que também o sonho (el sueno) da Razäo virá gendrar monstros na vida.
É, creio, a primeira vez que traduzo (traduzir: näo criar, mas transpor de uma lingua a outra, e o pensamento transposto é um pensamento defunto) um pensamento meu, expresso num outro lugar. É, temo, a influencia da idade. O pensador que se traduz a si mesmo, deixou de pensar.
NOTES:
Gil Evans: Out of the cool
Gil Evans: Into the hot
Der Spiegel 25/2008
Goya: El sueno de la razon produce muenstros