domingo, 29 de junho de 2008

THOMAS JEFFERSON - A estrutura do Universo


To talk of immaterial existences is to talk of nothings. To say that the human soul, angels, God, are immaterial, is to say, they are nothings, or that there is no God, no angels, no soul. I cannot reason otherwise (...) without plunging into the fathomless abyss of dreams and phantasms. I am satisfied, and sufficiently occupied with the things which are, without tormenting or troubling myself about those which may indeed be, but of which I have no evidence.

Thomas Jefferson

Falar de existencias imateriais é falar de nadas. Dizer que a alma humana, os anjos, Deus, säo imateriais, é dizer que eles säo nadas, ou que näo há Deus, näo há anjos, näo há alma. Näo posso raciocinar diferentemente (...) sem mergulhar no abismo sem fundo dos sonhos e dos fantasmas. Estou satisfeito, e suficientemente ocupado com as coisas que säo, sem me atormentar ou me preocupar sobre as coisas que talvez possam realmente ser, mas das quais näo tenho evidencia.

MATERIALS:
http://brothersjudd.com/index.cfm/fuseaction/reviews.detail/book_id/1344/Last%20Word.htm

domingo, 22 de junho de 2008

também o mundo...

Ghulam Haider, onze anos de idade, com o seu futuro marido Faiz Mohammed, 40 anos, no Afganistäo. Ghulam houvera querido ser professora.

Uma foto de Stephanie Sinclair (USA), da sua reportagem The Bride Price: Child Marriage Around The World (O Preco da Noiva: Casamento Infantil Pelo Mundo Afora). Milhöes de mocinhas säo casadas forcosamente em idade infantil. Esta foto foi elegida pela UNICEF como foto do ano de 2007.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

NICHOLSON BAKER: Este sentimento de um tormento interior

Quando se pressupöe o melhor dos seres humanos e se lhes oferece confianca, talvez sejamos lubrididados algumas vezes, mas é também frequentemente nesses momentos que os seres humanos däo o seu melhor(...).
Se aprendermos a recordar-nos com mais precisäo, corremos entäo menos perigo de repetir o passado.
Nicholson Baker: Este sentimento de um tormento interior, Der Spiegel 19/2008, a propósito da publicacäo de "Human Smoke", uma crónica sobre a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto


quinta-feira, 5 de junho de 2008

Perspectivismo

Perspectiva? Qué qué isso? É um determinado lugar na plateia para o palco do mundo, da vida. Perspectiva é "ver através de". Säo uns óculos que permanentemente nos acompanham, que infinitamente estaräo entre nós e o mundo. Este "entre" implica duas consequencias aparentemente contra-postas, que se contradizem: por um outro lado permitem-nos ver o mundo, é a unica forma imaginável de tomar percepcäo dele, por outro lado impedem-nos de ver o mundo como ele realmente é, seriam esses óculos as tais portas transparentes da percepcäo das quais alguém disse: "se as portas da percepcäo fossem limpas, veriamos o mundo como ele realmente é: infinito".
Hoje é um dia muito especial para mim, comeca um julgamento na 2. camara penal do tribunal aqui do sítio, uma coisa triste, que näo vou mencionar porque näo tem cabimento. De todas as formas, isto como justificativo para o meu desabafar de hoje: desabafar é falar para o "vazio", falar por falar, falar porque falar libera (o choro também libera, mas como eu sou daqueles que näo choram, "falo"). Talvez "desabafar" seja mesmo "falar com Deus" (esse tal que näo existe mais, para uma boa parte nós, e aqui pergundo-me se foi realmente assassinado Deus, ou se simplesmente morreu).
Dizia eu que "perspectiva" é uma janela para o mundo. Como numa casa em Alfama virada para o Tejo. Uma janela dá-nos uma perspectiva, uma outra e teremos duas, mais janelas no lado oposto da casa e teremos uma nova perspectica, sem a água do estuário, mas com o Castelo de S. Jorge e as ruas ingremes que a ele conduzem.
Aonde eu quero chegar? Que a "realidade", a "verdade", aquilo que "realmente" acontece é algo de exterior a nós, aquilo a qual jamais teremos pleno acesso, mas sobre o qual perpetuamente teremos "perspectivas", visöes parciais, às vezes contraditórias.
Como estou em desabafo, mais uma intimidade minha: durmo com livros, a minha companhia de noite säo livros, tenho sempre uma meia-duzia deles em redor da minha cama e cada anoitecer durmo com um, às vezes com mais (podem chamar-lhe "sublimacäo", mas é a minha maneira de ser feliz na vida, uma das muitas maneiras que eu tenho de inventar a minha felicidade - sim senhora, escutou bem, a felicidade é inventada, os infelizes ainda näo descobriram como, mas se realmente entrarem nos seus laboratórios interiores ela aí estará à sua espera, e prometo-vos, vale a pena procurá-la. E, gosto de deixar sempre umas pistas para uma das minhas felicidades, as minhas ideias. Gosto por tanto de enunciar os heraldos (existe isto em portugues?) das minhas perspectivas. Um dos meus amores nocturnos de momento é um re-romance meu com Nietzsche, tem o nome de Sobre a genealogia da Moral, e li pela primeira vez há uns 20 anos. É para mim uma nova descoberta, näo me recordo de uma unica palavra - os trechos complexos (näo complicados, mas complexos) teem isso de se esquecerem rápidamente. E ontem, cheguei a um parágrago que serviria quase como lema para este site, que é o porque deste site, o porque do meu "vicio" em vir aqui, perder horas imensas, com coisas com as quais por norma passo ao lado. E esse parágrafo vem de Nietzsche e vai assim:
"Só existe um ver perpectivista, só um ´reconhecer´ perspectivista; e quanto mais afectos deixemos pronunciarem-se sobre uma coisa, quantos mais olhos, olhos diferentes nós nos sabemos inserir para a mesma coisa, tanto mais completo será o nosso ´conceito´ dessa coisa, será a nossa ´objectividade´."

Sou propenso, defensor de que é um sinal de riqueza e uma causa de regozijo essa impossibilidade de acedermos à ´verdade´. Para que viver, se a tivessemos à nossa disposicäo?? Que fazer depois? Há uma teoria que defende que Deus näo morreu de morte natural, que se suicidou, de tédio. E, termino, recordando uma de Proust näo sei onde, que dizia que "as melhores viagens näo säo aquelas que nos levam a outras paisagens, mas aquelas que nos permitem outras perspectivas sobre uma mesma". Traduzi isto para o meu portugues e diz-me o seguinte: näo säo as paisagens o interessesante, mas o paisagista, aquele que cria essas paisagens e que vive essa viagens e que somos Nós!
Há umas perspectivas menos bonitas e tristes e que prefiro näo ver, fecho os olhos e näo respondo, é mais saudavel para mim e para a paisagem e - como sou optimista por decisäo - acredito que as paisagens podem vem de encontro ao pintor, quando este näo tem acesso a elas (so, common baby!).E, para terminar, gracas a Deus que o meu amigo citadino näo está por aqui, para me enfiar uma outra seca das minhas "baboseiras", näo que ele seja menos sensivel ou mais brutinho que eu. Acontece simplesmente que é alfacinha e, como todos os alfacinhas, mantém-se a prumo, näo desabafo. Eu, como sou da provincia, näo tenho problemas em nadar no rio, nú.

terça-feira, 3 de junho de 2008

GEORGE SPENCER-BROWN: muralhas

Há um jogo, que jogam as criancas, quando vem a maré. Constroem em sua volta uma muralha presumidamente impenetravel de areia, para suster a àgua do lado de fora o mais tempo possivel. Naturalmente que a agua penetra lentamente por baixo e a um dado momento rompe a parede e inunda-a. Os adultos jogam um jogo parecido. Envolvem-se com uma muralha presumidamente impenetravel de argumentos, para deixar a realidade do lado de fora. Mas, a realidade penetra lentamente por baixo, e a um dado momento rompe a muralha e inunda-nos a todos.
George Spencer-Brown: Only two can play this game

Materials & Left Links:
http://www.fen.ch/texte/gast_swr_spencer.htm
http://www.faz.net/s/Rub1DA1FB848C1E44858CB87A0FE6AD1B68/Doc~EA3296B889ADF46FE99B704480912238E~ATpl~Ecommon~Scontent.html